quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Cicloturismo - Balneário Cassino à Barra do Chui - Viagem (Parte III)


Olá visitantes, bem vindos;

Como consta no post "... Roteiro (Parte I)" e "... Planejamento (Parte II)":
Vou contar-lhes sobre minha viagem feita a bordo de bicicletas durante o Carnaval de 2013, iniciando o percurso na estátua de Iemanja, na Praia do Cassino, até os molhes da Barra do Chui, exclusivamente pela praia, acompanhado de minha namorada (Keith) e amigos - todos de bike!

As postagens ficaram dividas em 3 partes; Roteiro, Planejamento e Viagem. Assim, cada parte não é longa de mais para ser lida e, possa ser mais específica do que um grande texto, falando de tudo.


"Viagem" - parte III:


Google Earth - Arquivo kmz - Pontos de referência

Sexta-feira havia sido agitada, depois do almoço nos dedicamos à arrumação de nossas bicicletas, escolhendo e retirando coisas, encaixando com cuidado as coisas que iam, verificando distribuição dos pesos e etc.. No fim, dividimos de forma que eu levaria as roupas que julgamos necessárias para levar, as comidas mais pesadas, como os enlatados e as ferramentas das bicis. Para Keith ficou a cargo as comidas que poderíamos comer rapidamente, como frutas e barras de cereal, 2 garrafas de água, além da barraca e do sleeping.
E fomos todos tentar dormir, a quase uma da manhã.. tentar porque além da ansiedade o carnaval já bombava em algum rua perto de casa.

Bicicletas prontas para a aventura

Acordamos cedo; algo como 5:50, para dar tempo para tomar um último café da manhã e nos encontrar com os outros 4 membros do nosso grupo. Só que o dia mesmo só começou a raiar as 6:30.. ou seja, não valeria a pena pedalar antes disso, no escuro.. então apenas as 7:20 nos encontramos todos e começamos a jornada.

O grupo de bicicleteiros

Eu não havia conversado com os outros membros do grupo sobre arrumação nem nada.. nem divido o peso com eles pois eles iriam ficar um dia a mais na praia. Mas foi engraçado ver um dos ciclistas carregando 10 litros de água em 2 garrafonas, além da comida, no garfo dianteiro e ver um outro ciclista com o peso todo no guidão.. Torci para não encontrarmos areia fofa tão cedo, pois eles iriam ter dificuldades com essa configuração.

Nessa primeira pedalada seguimos até o navio Altair, a ~15km. A areia não estava muito dura e a maré estava "alta", deixando pouco espaço para pedalarmos.. e foi meio difícil. Depois do navio a areia firmou e a maré estava mais baixa.. o vento estava NE com uma força um pouco maior, incentivando um pouco mais. Nesse trecho chegamos a média -boa- de 15km/h.. os carros deixavam de existir mas ainda haviam muitas marcas de pneus na areia.. muitos pássaros à beira da água e todos os tipos de plásticos.
Pedalamos bem e paramos para almoçar (as 13hrs) apenas no Sarita, a ~55km. Ele -o Farol- não possui muito abrigo.. faz sombra, claro, mas o capim alto a sua volta não deixa nenhuma barraca ser plantada ali. Mas,  se você precisar, olhando o farol a partir da praia, à esquerda existe um grupo de Pinus, mais próximos que o próprio Sarita, que serve de bom abrigo e a entrada para esse abrigo é um pouco mais adiante que a entrada do Sarita. Se precisar de água "doce", notei que pouco mais que 800m da entrada do Sarita existe também um arroio.

Farol Sarita ok!!

Ficamos parados um bom tempo, devido ao cansaço. O vento aumentou de intensidade e as 16hrs voltamos a pedalar e decidimos que, devido ao vento favorável e a areia firme, nossa meta seria o Farolete Vergas, ainda bem distante de nós.. E pedalamos.. parávamos a cada hora, ou a cada 15km, para descansar já que a minha previsão de pedalar por duas horas era realmente absurda. O banco e as pernas não permitem isso.. O dia foi caindo e nuvens nos ajudaram a não sofrer tanto com o Sol. As 19hrs ainda não havíamos chegado, uff.. uma grande mata de pinus na beira da praia nos frustrava pois sabíamos que o Vergas é mais baixo que um farol, se parecendo com alguns troncos que ficavam mais solitários.. Pouco antes do farolete passamos por um grande arroio (havia uma placa de madeira escrito "4") e, ao definir no horizonte a pequena estrutura triangular do Vergas começamos a pedalar mais rápido, para chegar logo.
Meta atingida, com bikes escoradas no Farolete Vergas, descansamos um pouco. Ali não é um lugar protegido.. é possível armar barracas na área bem detrás do farolete mas o vento forte não torna o lugar ideal. Com isso, querendo um lugar melhor, subimos a grande duna que está junta ao Vergas, e entramos numa pequena "rua" que se forma entre os pinus. Ali sim! É uma pequena clareira, ampla e protegida, ideal para acampamentos. Embora o esforço fosse muito, de levar as bikes duna a cima, decidimos que uma noite tranquila poderia ser melhor que ficar exposto, a beira da praia.

Farolete Vergas, dunas e "rua" de pinus.

Acordamos meio cedo.. eram 8:30 e começamos a desarmar o acampamento e levar tudo de volta, pela duna, ao Vergas. O vento estava ainda NE, mas um pouco mais fraco. Seguimos então em direção ao Farol Albardão, uns 30km do Vergas. Seguimos com o mesmo ritmo, de 1 hora de pedalada por descanso.. Mas já estávamos doloridos e era difícil velocidades médias acima de 13km/h.
Assim como o Sarita, o Albardão é possível de ser visto de longe, a mais de 15km de distância.. por isso, ver o Albardão no horizonte, nossa meta matinal, não foi tão empolgante.. poucas nuvens filtravam o Sol e precisávamos de um bom descanso..
O Farol do Albardão é da Marinha do Brasil, claro. Existe uma enorme placa de Entrada Proibida na porteira que leva a ele.. Que medo, pois nossa água (6L.) estava ao fim.. O marinheiro que toma conta do local se aproximou e explicou cordialmente que poderíamos nos abrigar em uma das casas que estava vazia por se tratar de um pequeno grupo de "bicicleteiros" mas pediu para não deixar bagunça, CLARO!

Deixo aqui nossos profundos agradecimentos à Marinha do Brasil, pois a casa era nosso paraíso!

Bem abrigados, todos tomamos banhos de chuveiro, preparamos de pé nossas comidas, num fogão convencional, descansamos nos colchões e sofás e deixamos a casa arrumada ao sairmos.
P.s.: Aconselho levar o filtro de papel ou algo do gênero, para abastecer-se de água.. por ser de poço ela possui leve coloração e possui também alguma matéria flutuante pois os filtros (levei 3) entupiam.

Keith chegando ao paraíso chamado Farol Albardão

Estávamos novos. Ok, quase como novos.. nossas pernas e bundas doíam, rs. Mas estávamos lavados, com águas abastecidas, alimentados e prontos para a nossa próxima meta que seria um ponto abrigado, cheio de árvores, a 30km do Albardão, no meio dos concheiros.
Ao decorrer deste dia, o vento foi diminuindo e caindo de Leste para Sudeste.. o mar se aproveitou da situação e subiu a praia, deixando cada vez menos espaço para pedalarmos.. um pouco mais para frente já não era possível pedalar, apenas empurrar as bicis. E fizemos isso até o local onde está um contêiner azul todo corroído, mas cheio de árvores ao fundo - nossa meta. Estávamos tão cansado que não tirei fotos..  os outros 5 integrantes definiram que ficariam ali mais um dia, para descansar.. eu e a Keith armamos a barraca e fomos dormir pois queríamos chegar ao Chui no dia seguinte.

Acordamos e percebemos que o vento era agora leve, mas SE.. já de acampamento desmontado e na praia, por um bom tempo, alternávamos empurrando as bicis e pedalando. O vento contra aparente complicava ainda mais a nossa velocidade.. foi a parte mais difícil de nossa viagem pois sabíamos que faltavam cerca de 60km à Barra do Chui. Neste trecho, sem presença humana, a quantidade de plásticos assusta.. são variados e "mundiais", onde foi possível achar exemplares até com escritas orientais.. fora as estrangeiras, com letras esquisitas.. uma pena continuarmos e explorar petróleo para joga-lo no mar ou na praia.
Após o meio dia avistamos as primeiras pessoas, que pescavam. Elas nos disseram que faltavam ainda 25km ao Hermenegildo.. uff.. nossa média estava abaixo dos 8km/h.. Mas não adiantava reclamar.. era encontrar a força interior para pedalar e seguir em frente.
Depois de algumas horas passamos a avistar mais e mais carros e, as 15hrs, já era possível ver os telhados da Praia do Hermenegildo e diversas pessoas pescando. As 16hrs nos sentamos num bar - Farofa Petiscos de Praia- á beira da Praia do Hermenegildo e pedimos uma porção de pastel de queijo e 2 sucos de laranja. O atendente nos atendeu muito bem e nos deu uma notícia que nos re-motivou; dalí para a Barra eram apenas 8km pela praia!

Hermena lotado!!

Nossa, 8km era "sussa" para nós! Terminamos nossa refeição e partimos para pedalar! Antes de deixar a vila do Hermenegildo já possível avista o Farol da Barra do Chui! Que MARAVILHA!! Esse final fizemos rápido, rs. E batemos a última foto da viagem, as 18:10, com o Farol da Barra ao fundo e muitos carros uruguaios curtindo o carnaval no Brasil.

Barra do Chui e o Farol (bem pequeno) ao centro; Uhuul!!

Para quase terminar o post, sobre as informações;
Da Barra do Chui para a cidade do Chui são cerca de 9km, por asfalto.
A rodoviária do Chui é um prédio antigo, atrás do Banco do Brasil.
Não existem muitos horários para Pelotas e Rio Grande; O último para Pelotas saí as 18:30 e para Rio Grande existe apenas as 7 e 15:30.
As companhias de ônibus aceitam bicicletas, cobrando R$5/cada além da passagem, tendo a necessidade das bicis estarem limpas e as rodas estarem desmontadas.



Se você conseguiu ler até aqui, vou dar-lhe também outra recomendação, quem sabe a melhor de toda estas postagens, para realizar essa viagem;
Percorra no máximo 60km por dia; Desta maneira o percurso fica dividido; do Cassino ao Sarita, com um bom e belo lugar de abrigo; do Sarita ao Albardão, sendo o Albardão um paraíso para retomar as forças necessárias para o dia seguinte -cruzar os concheiros; do Albardão ao Hotel Abandonado, passando quase todo os concheiros e, for fim; do Hotel Abandonado ao Hermenegildo ou ainda à Barra, passando pelo fim dos concheiros. Dividindo o passeio desta forma (em 4 partes) todas as etapas ficam mais "fáceis" e se pode aproveitar melhor cada local, ao invés de apenas bater o cartão neles.
Sobre as roupas; levamos em excesso.. 2 roupas para pedalar, 1 roupa par dormir e mais um conjunto para poder voltar no ônibus seriam suficientes.. e uma capa de chuva (leve), claro.
Sobre comidas; Elas sobraram, ainda bem. Água idem.
Sobre ferramentas; Não precisei fazer nada em nossas bicicletas durante a viagem. Mas a de nossos amigos já estavam apresentando problemas.. faça a revisão antes de ir (e outra depois)!!
Sobre as dificuldades; É difícil pedalar tanto.. as poucas referências de distâncias e/ou marcos na praia tornam a viagem uma experiência sensorial diferente. E a superação própria, em concluir a viagem, é divina.

Ah, não deixe sujeiras pelo caminho e leve de recordação apenas as fotos!

Boa viagem!



quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Cicloturismo - Balneário Cassino à Barra do Chui - Planejamento (Parte II)


Olá visitantes, bem vindos;

Como consta no post "... Roteiro (Parte I)":
Vou contar-lhes sobre minha viagem feita a bordo de bicicletas durante o Carnaval de 2013, iniciando o percurso na estátua de Iemanja, na Praia do Cassino, até os molhes da Barra do Chui, exclusivamente pela praia, acompanhado de minha namorada (Keith) e amigos - todos de bike!

As postagens ficaram dividas em 3 partes; Roteiro, Planejamento e Viagem. Para que, assim, cada parte não seja longa de mais para ser lida e, possa ser mais específica do que um grande texto, falando de tudo.
(clique aqui para ir a "Viagem" - parte 3)


"Planejamento" - parte II:


Uma bicicleta andando na praia não é muito rápida, fato.. fizemos um teste a 10km/h em uma brisa contra, e era tão devagar que era difícil ficar de pé.. essa seria nossa velocidade de planejamento já que qualquer ganho além disso seria uma vantagem. Sobre nosso estado físico.. bem, não somos atletas profissionais nem "assistidores" de tv.. Ela é vegetariana, eu não. E costumamos correr algumas vezes por semana..

Assim, para este passeio cicloturístico, levantamos a seguinte meta:
  • 2 horas pedalando (entre 7 e 9hrs), parando 30 minutos para descansar; 
  • Seguido de 2 horas pedalando (entre 9:30 e 11:30), parando para descansar, almoçar e se proteger do sol até as 14hrs; 
  • Pedalando mais 2 horas (entre 14 e 16), descansando 30 minutos; 
  • (E, por fim) Pedalando mais 2 horas (entre 16:30 e 18:30) para terminar o dia, montando acampamento. 
Logo, seguindo esta meta, em 2 noites estaremos chegando à Barra do Chui.

Voltando para o planejamento; como montar a "parafernalha" numa bike simples, em uma viagem de cicloturísmo pela praia?
Barraca, sleeping, comida e roupas.. vão onde? As lojas virtuais de bicicletas dispõe de muitos bagageiros e alforges.. mas comprar pelo conjunto completo, de bagageiros dianteiro e traseiro, além dos alforges dianteiro e 2 traseiros, o "somante financeiro" é tão alto quanto comprar um bicicleta nova... fora o frete!
Daí não né? Fui buscar idéias em fóruns e encontrei algumas imagens interessantes para fazer o "Ctrl+c", vejam:
Caixote plástico sobre alforge baratinho e paralamas
Baú (Gow G33) de moto, paralamas e garrafinhas do garfo!
Malas de lona como alforges traseiros laterais
Porta Calhas como Porta Barracas (show!)
Que tal um reboque? :D

Ok, com estas imagens e algumas outras, projetei nossas bikes (minha e Keith)..
Vamos utilizar 2 bagageiros galvanizados, desses pretos e finos (os de alumínio são caros e quebram). Sobre os bagageiros colocamos 2 caixotes plásticos, um grande (recolhido da praia!) e um pequeno. Sobre o caixote pequeno vamos colocar as portas-canaletas, como porta-barraca. Colocamos também 2 porta garrafinhas (caramanholas) em cada uma das bikes.. pensamos em colocar no garfo dianteiro mas, ainda é uma dúvida. Cada bike ainda conta com um porta treco no quadro, para pequenas coisinhas.. Uma pochete que tenho serviu direitinho como alforge de guidão.. colocamos uma buzinha trim-trim na bici da Keith e uma plin-plin na minha.. coloquei paralamas na minha bici também e mandei o meu paralamas que tinha para a Keith..
No fim, montamos isto aqui:

Bici da Keith, com caixote e o porta-barracas
Minha bicicleta, com para-lamas e caixote

Com as bicicletas montadas, me voltei para mais planejamento:
O que comer e levar nestes dias? E não digo apenas comida e roupa.. digo quais alimentos, quais medicamentos, quais ferramentas, quais roupas, quais etc.. e não quero levar muita coisa, devido ao peso, nem pouca coisa, devido a contra-tempos.. então, após leituras, concluí que seria mais fácil separar tudo em 4 "frentes":

  • Cicloturismo "quarto" > roupas, toalhas, sleeping, barraca, lonas, etc
  • Cicloturismo "cozinha" > alimentos, panelas, talheres, pratos, utensílios, etc
  • Cicloturismo "banheiro" > higiene pessoal, remédios, pomadas, etc
  • Cicloturismo "oficina" > ferramentas, material reserva, etc

Por segurança, vamos considerar comida para mais uma noite (total de 3) e, como o Farol do Albardão é uma base habitada da Marinha, bem no meio do caminho, vamos levar água para dois dias e abastecer alí o que estiver faltando (ou seja, cerca de 4L/p.p. em 2 caramanholas e 1 garrafa pet). Para amenizar o peso, não vamos levar fogareiro nem nada parecido, afinal, é pouco tempo viajando e um churrasco vai estar sendo preparado em nossa chegada (segredo). Então, tudo que levarmos para comer será tipo abrir e comer e, para isto, fizemos a seguinte lista:

Cicloturismo "cozinha":
Nozes, castanhas, amendoim, granola, aveia, melzinho, barra de cereal, biscoito doce, biscoito salgado, maça, mexerica, uva passa, banana passa, damasco, cenoura, goiabada, salame, queijo curado, sardinha em lata, bolo, pão(feitos no dia de sair), sal e açúcar. Para completa a cozinha, vamos levar ainda as pastilhas de cloro, filtro de papel, isqueiro, uma leiteira, uma caneca alumínio, faca serrada, garfos, pratos plásticos e lona.

Em Cicloturismo "quarto" temos: Barraca, sleeping (de casal), chinelo, toalha esportiva, tênis, meia, cueca, sunga, bermuda, moleton, relógio, camiseta, capa de chuva, quebra vento, colete de sinalização, óculos escuros, boné, gorro e máquina de fotos.

Em Cicloturismo "banho" temos: Dipirona, protetor solar, Bepantol, Antiséptico, Gazes, sabonete, shampoo, escova dentes, escova cabelos, pinça, bandaid, papel higiênico, gelol, "washinass" *, repelente, protetor solar, cortador de unha, desodorante.

Em Cicloturismo "oficina" temos: chave de boca 10 a 15, chave L de 4,5 e 6mm, chave fenda e philips, canivete suiço, tesoura, arame, cabo, alicate corte, alicate boca, fita isolante, fica crepe, remendo de pneu e cola, lixa fina, vela, luva pigmentada e apito..

É bastante coisa né? Também acho.. parece que vou para a Lua ou algum lugar tão ermo quanto isso.. me lembra a cena de filme em que a mãe enrola espuma envolta do filho, para ele ir brincar, rs.

Não coloquei quantidade pois acho mais interessante você leitor saber o que levar e escolher o quanto quer levar... Entretanto, encontrei um post tão completo quanto qualquer outro, com coisas de bagagem, que vai deixar essa lista aqui (muito) pequena. Vale apenas acessar e ler (inclusive comentários) deste link: Bagagem do Cicloterras

E achei outras coisas, que considerei ótimas, como sugestões de arrumação:

Abaixo seguem mais dois blog sobre bicicletas, cicloturísmo e dicas:
livrevoosolitario.wordpress.com/
igorvargas.blogspot.com.br/

Com isso concluo a parte de planejamento;
Percebo, pela foto de minha bicicleta (preta), que o caixote está torcido.. certamente isso fará com que o caixote não aguente muito peso e/ou trepidação.. tenho que tomar cuidado. A minha bike vai ficar encarregada da "cozinha", "oficina" e parte do "quarto".
A bicicleta da Keith está bem, e nela vamos colocar a barraca e o sleeping, que ocupam muito volume mas são leves e colocar o que restar do "quarto" (na verdade, o que restar do "quarto" vai parar a bici preta).

Se houver atualizações até nossa saída eu posto aqui e, depois que voltarmos da viagem, continuo com a Parte III!
Asta!


* "Washinass" é algo oque aprendi a usar quando era escoteiro. É uma daquelas bisnagas de ketchup/mostarda que haviam nos restaurantes e bares. Uma garrafinha de água com bico tbm serve. Completando o washinass com água e, com seu bico, é possível transforma-la em uma ducha higiênica, sem a necessidade de maiores explicações.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Cicloturismo - Balneário Cassino à Barra do Chui - Roteiro (Parte I)

Olá visitantes, bem vindos;

Vou contar-lhes sobre minha viagem feita a bordo de bicicletas durante o Carnaval de 2013, iniciando o percurso na estátua de Iemanja, na Praia do Cassino, até os molhes da Barra do Chui, exclusivamente pela praia, acompanhado de minha namorada (Keith) e amigos - todos de bike!

Essa postagem vai ficar divida em 3 partes; Roteiro, Planejamento e Viagem. Para que, assim, cada parte não seja longa de mais para ser lida e, possa ser mais específica do que um grande texto, falando de tudo.
(clique aqui para ir ao "Planejamento" - parte 2)
(clique aqui para ir a "Viagem" - parte 3)

"Roteiro" - parte I:

A cidade em que moro atualmente (Rio Grande, desde 2007) tem, entre outras opções, um passeio "turístico" pela praia que me chama muita a atenção e que sempre me deixou com vontade de faze-lo. Essa praia, chamada de Praia do Cassino, já foi orgulhosamente conhecida pelos visitantes e moradores locais por ser a maior praia do mundo, em extensão contínua de areia, com um comprimento de 250km.
Mas, a verdade é que, com o advento do Google Earth e a ferramente de régua deste software, foi possível verificar que desde os molhes da Barra de Rio Grande, passando pela Praia do Cassino e Praia do Hermenegildo e chegando até a Barra do Chui, existem apenas cerca de 220km de extensão contínua de areia.. e isso, somado a outras medições de outras praias gigantes, colocou-a na 10ª posição no quesito maior praia (em extensão contínua de areia) do planeta... Mas ainda assim ela ainda é a maior do Brasil e possui outras características interessantes para quem gosta de apreciar a natureza.

O Roteiro para o Cicloturísmo

Ainda sobre a história desta praia, nos ermos tempos gaúchos, esse trecho de areia era a única ligação "firme" entre a fronteira com o Uruguai e a mais antiga cidade do Rio Grande do Sul, já que a área de terras que separa estas cidades, entre a Lagoa Mirim e o mar, é uma região cheia de charcos e, entre outros, jacarés.. Existiu até um hotel à beira da praia, no meio do caminho, para os viajantes deste percurso mas que hoje se encontra abandonado.
Assim, e até os dias de hoje, existe uma cultura de utilizar a praia como "estrada" e é possível trafegar facilmente com veículos (carros, 4x4 e caminhões) por esta rota "praial", desde que as condições climáticas sejam favoráveis, claro.



Logo, o cenário do roteiro turístico será este: Percorrer os longos 220km de extensão de areia entre o Balneário Cassino e a Barra do Chui. Mas, percorrer como? Percorrer de carro seria muito fácil e, ao mesmo tempo, arriscado, pois nenhum seguro de carro cobre danos quando seu proprietário o submete ao risco. E esses danos, neste local, são encalhar o carro em um lugar deserto e/ou ter ele "lavado" pelo mar, durante uma maré cheia ou um vento Sul - aproveitando o gancho, aqui o vento Sul (frio e forte) empurra a maré para cima da praia, restando apenas as dunas e o vento Nordeste faz o seu contrário - prefira ir com vento NE. Percorrer a cavalo seria "normal" mas chato, já que o esforço todo fica a cargo do grande bichano e, além de ter que possuir um animal destes, não tem como traze-lo de volta em um ônibus.. teria que ir e voltar sobre seu lombo. A pé é possível . Abaixo consta um relato contando sobre essa experiência.. mas, usar os pés exige alto treinamento e infra estrutura já que existem apenas 2 pontos de apoio (leia-se socorro) durante a viagem; a vila da Praia do Hermenegildo a 180km e o farol de Albardão, a 125km (ambos) da Iemanja do Balneário Cassino.
Então decidimos usar Bicicletas para este perrengue (cicloturismo como alguns diriam). As bicicletas são perfeitas para este percurso. Elas possuem uma velocidade satisfatória para que a viagem não seja nem rápida de mais nem enfadonha de mais. Elas podem carregar alguns quilinhos de tralha. Elas cobram da gente o esforço, e elas podem ser desmontadas e colocadas no ônibus de volta. Bicicletas são o futuro, literalmente. E, como somos em três, utilizamos (nossas) 3 bicicletas do tipo mountain-bike simples.

Parti então para duas frentes de pesquisa; saber sobre quem, neste mundo, teria já feito esse mesmo roteiro e buscar idéias de como transformar as bikes simples em um modelo "estradeiro", sem gastar muito.
Fiquei surpreso com a facilidade em relatos desta viagem. Temos relatos de casal fazendo a viagem no inverno (uff..), família comum (pai, mãe e filho), em solo e em grupos. Abaixo estão alguns links:

Colhido ainda dos links acima, é possível ver que o roteiro é fazível e que existem seis referências durante o percurso; Navio afundado Altair (15km), Farol desativado Sarita (55km), Farolete desativado Vergas (100km), Farol Albardão (125km), Hotel Abandonado (175km) e Praia do Hermenegildo (195km). Estas referências, além de serem pontos de controle do percurso podem servir de abrigo. A seguir tem um arquivo do Google Earth, com os pontos salvos, para download: Google Earth - Arquivo kmz - Pontos de referência

Navio Altair
Farol Sarita
Farolete Vergas
Farol Albardão
Hotel abandonado
Praia do Hermenegildo
Barra do Chui

Destes relatos ainda é possível ver que as maiores dificuldades observadas são;
A área conhecida como Concheiros, localizado entre o Farol Albardão e o Hotel abandonado, por se tratar de um ponto em que a grande quantidade de conchas deixam a areia muito fofa para se pedalar, sendo necessário empurrar a bike por distância consideráveis (algo como até 25km).. mas, mesmo com essa faixa de conchas, em alguns relatos, é possível ler que é fácil cruza-la sem grandes problemas, quando a maré está baixa e a faixa de areia firme é maior.

Concheiros

Além dos Concheiros, a vastidão da praia pode ser monótona, pois é uma planície sem pontos de referência e em alguns momentos, apenas areia e dunas estarão no campo de visão, sem nenhuma pessoa ou veículo (entre o Navio Altair e a Praia do Hermenegildo).
A falta de água, claro, é sensível pois não existem pontos de abastecimento e, para isso, a solução é levar o necessário e, se preciso, se abastecer no Farol do Albardão, levando consigo umas pastilhas de cloro para, digamos, ter segurança com a água ingerida. Fora o farol, diversos arroios estarão pelo caminho. Estes arroios são oriundos das plantações de arroz ou dos charcos da região, por isso, recomenda-se filtra-la, ferve-la (se possível) e ainda assim, usar uma pastilha de cloro. Leve um coletor de água de chuva, se puder (até balde ou panela pode servir para isso).

Mar à esquerda e dunas à direta

Sobre resgates.. não há nenhum relato, graças a deus (na verdade à nós, que tomamos o cuidado de não precisar sermos resgatados). Mas, acredito, ser algo delicado..
Celular não pega durante a viagem. Claro que o Balneário Cassino, o Chui e, de repente, o Hermenegildo sejam providos de algum sinal, mas de resto, nenhuma barrinha vai subir no seu OS/Android 8.0.. E é dito que, no Hotel abandonado, existe um grande "poste" que pode ser escalado para ter maior alcance de antena.. não sei se é verdade e não quero testa-lo.
O Farol do Albardão é base da Marinha e alí você pode conseguir algum resgate.. mas se o tempo estiver ruim (vento sul forte e chuvoso), jipes não irão fazer o serviço e, dificilmente um helicóptero irá busca-lo se não for questão de vida ou morte (vale dizer que a Marinha cobra pelos honorários de um resgate - mas a vida não tem preço).
Se for uma época turística, como o Carnaval ou durante o próprio verão, existem chances de se avistarem frotilhas de jipes passeando pelo roteiro ou até de caminhões dos pescadores.. mas são poucos.. uma média menor que um, destes "eventos", por dia.

Iemanjá do Balneário Cassino

Enfim, acho que por hora, sobre este roteiro, é isso;
Os 220km de praia são ideais para servir como roteiro turístico tipo aventura.. muitas pessoas já o fizeram, diversas vezes e em diversas ocasiões.. A variação de maré é baixa, ao redor de 50cm. O vento NE, que ocorre com predominância no verão, "empurra" a água do mar para fora, deixando uma faixa maior de areia firme para pedalar. O vento Sul é frio e contra, "levantando" a água do mar, restando pouca ou nenhuma pista para bike. Água pode ser conseguida no Albardão e nos arroios, mas deve ser filtrada/fevida/clorificada... e cuidado com o excesso de Sol..

Então, se a meteorologia e o seu bom planejamento permitirem, tudo será tranqüilo...

Astá!